quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

CEARENSE DEIXA SALÃO E FLORICULTURA PARA VIRAR CAMPEÃ MUNDIAL DE MMA


Uma campeã merece boa estrutura para trabalhar, pensa dessa forma a nova número 1 mundial do Xtreme Fighting Championship (XFC), evento internacional de artes marciais mistas (MMA). Viviane Pereira ainda não está completamente satisfeita, mas sabe que já tem um currículo honroso. Profissional há dois anos, acredita que fez uma boa escolha ao sair do emprego em uma floricultura.

A lutadora vive exclusivamente dos combates, das bolsas (valor dado aos competidores) que ganha ao fazer um duelo dentro do octógono. Antes, a moradora do Bairro Castelão, em Fortaleza, ‘ralou’ como babá e também trabalhou como manicure. No início esportivo, o preconceito ainda era evidente. Uma luta diária para provar que a modalidade que calça luvas e usa protetor bucal também é feita para mulheres.

“Era bastante difícil, principalmente por parte da minha família. Falavam que era coisa de homem, ficavam mandando eu estudar. Depois, mudaram um pouco. Minha mãe mudou um pouco, mas ela não gosta quando eu chego toda machucada”, explica.
Atualmente – para o alívio da genitora – é a cearense quem assusta as rivais. São 10 lutas na carreira, com vitórias em todas. No cartel, quatro vitórias por nocaute, quatro decisões dos juízes e duas finalizações.
A última batalha foi no dia 28 de novembro, em São Paulo, diante de Vanessa Guimarães. Viviane agora é a primeira moça do Ceará a ter um cinturão de um evento mundial: campeã do XFC.
“Estou tentando ainda acreditar no feito que a gente fez”, revela. A lutadora  não imaginava que sete temporadas depois iria vingar em um plano de alto rendimento.
“Eu comecei a treinar com 15 anos, no projeto que o meu mestre ensina. Eu ia mesmo para fugir da rotina de casa, tinha muita briga em casa. Meu professor disse que viu algo diferente e me motivou a treinar mais. Fui ganhando. Comecei pelo sanda (um estilo de boxe chinês)”, completa a lutadora citando o treinador Marcos Batista.
“Minha mãe mudou um pouco, mas ela não gosta quando eu chego toda machucada” (Viviane Pereira)
‘Cobra perigosa’
Por enquanto, Viviane não tem patrocínio. Tem a ajuda de alguns apoiadores, como uma loja de suplementos. Sonha em ter um centro de treinamento próprio. A lutadora não se esquiva dos trabalhos para se tornar, quem sabe, uma profissional do Ultimate Fighting Championship (UFC). Por vezes, faz cinco sessões de treinos. A dona de um apelido curioso ‘mete medo’ na concorrência. Nesse caso, a Sucuri pode ser venenosa.
“O apelido (Sucuri) veio devido a um treino com criancinhas, pessoas com menos experiência. Busquei o clinch (os lutadores se agarram durante a luta, um prendendo o braço do outro sob o seu próprio braço). Eles falaram: ‘aperta que nem uma sucuri’. Desde a primeira luta usei. No começo, achei estranho. Depois foi tranquilo. A gente nunca gosta de apelido…”, brinca.
Fonte: Tribuna do Ceará 

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